Tudo o que eu queria em Mendoza: ver o Aconcágua ( o ponto mais alto das Américas, com 6.900 metros de altitude).
Tudo o que eu não queria: uma van com um guia e tempo marcado em cada ponto. Maaaas… acometidos pela ‘síndrome da quebradeira súbita’, no segundo dia em Mendoza, às 07:00, lá estávamos nós, aguardando nossa ‘topic’.
Nosso hotel, na véspera, fechou o passeio com a empresa El Cristo, mas adiantou que o tour contratado não levava ao Parque Provincial Aconcágua.
Quase morri com essa notícia. Mas, sem alternativa, respirei fundo e paguei os 470 pesos por pessoa cobrados pela empresa (valor em maio de 2015).
No dia seguinte, devidamente acomodada no nosso transporte, minha aspereza e mau humor com o passeio acabaram logo na primeira esquina, quando o guia informou que:
1- Levaria a dois mirantes onde seria possível ver o Aconcágua;
2 – Iniciaria o passeio por uma estrada antiga, que era usada para subir a pré-cordilheira levando a Uspallata, antes da atual concepção da Ruta Nacional 7 🙂 🙂 🙂
O QUE É O TOUR ALTA MONTANHA
É, sem dúvida, o passeio mais completo para quem pretende conhecer a região da Cordilheira entre a cidade de Mendoza e a divisa da Argentina com o Chile. O tour completo, oferecido pela maioria das empresas de turismo, leva aos pontos principais da Ruta Nacional 7 (RN-7). Partindo de Mendoza, os tranfers seguem pela Ruta 7 e visitam basicamente:
– Represa Potrerillos;
– Vilarejo Uspallata;
– Estação de esqui Los Penitentes;
– Puente del Inca;
– Vilarejo Las Cuevas;
– Cristo Redentor de los Andes ou Parque Provincial do Aconcágua.

Tour Alta Montanha – Mapa disponível em www.mendoza.travel
Por sua vez, a Ruta Nacional 7 – a famosa Carretera Libertador General San Martin – é uma das rodovias mais importantes da Argentina. Começa em Buenos Aires e corta o país de leste a oeste, até o túnel que marca a fronteira com o Chile. Em território chileno, cruzando a Cordilheira, a estrada segue como CH-60 até Valparaíso, à beira do Pacífico.
Além disso, as paisagens da rodovia, alinhavada entre as montanhas, guardam consigo o valor histórico da notável travessia dos Andes pelo exército libertador do General San Martin – Exército dos Andes. Em 1817, nesta região, os soldados do General San Martin cruzaram a cordilheira para enfrentar as tropas realistas no Chile. Ao longo do circuito, nosso guia indicou vários marcos históricos dispostos às margens da estrada.
O NOSSO TOUR
Nosso passeio, de cara, já mudou o trajeto básico. Saindo de Mendoza, não seguimos por Luján de Cuyo para acessar a Ruta Nacional 7. Invés disso, seguimos no sentido oposto, indo em direção a Villavicencio (confira o trajeto no mapa lá em cima).
Isso nos garantiu conhecer a antiga rota que ligava a Argentina ao Chile, antes da atual disposição da Ruta 7. Subimos El Camino de las 365 curvas (Ruta Provincial 52) e, como era um belo dia de sol, cada curva era um flash.
No topo da estrada, a aproximadamente 3.200 metros de altitude, surge o primeiro mirante do Aconcágua. Nem mesmo a sensação de estar dentro de um frigobar tira o brilho de avistar pela primeira vez o topo das Américas
Desse ponto seguimos para Uspallata. A aproximados 120 km de Mendoza, trata-se do gracioso povoado onde o capelão do Exército dos Andes, Luis Beltrán, fundiu as armas e canhões usadas pelos libertadores. < Para os cinéfilos, segundo nosso guia, a região também foi cenário de uma das cenas do filme ‘Assassinos’ (1995), com Antonio Banderas 😉 >
Em Uspallata, a maioria das vans turísticas param para um lanche ou refeição. Fizemos uma pausa rápida e seguimos viagem, agora seguindo pela Ruta Nacional 7.
Passamos pela estação de esqui Los Penitentes, que não estava funcionando. Ainda assim, o teleférico da estação estava em operação, mas como ninguém do grupo quis subir, não paramos nem para uma foto mais elaborada 😦
PUENTE DEL INCA
A 2.700 metros de altitude, a próxima parada foi a Puente del Inca.
A ponte natural foi formada pela ação do rio Las Cuevas, que também imprimiu a cor alaranjada à rocha com sua água sulfurosa. Na década de 20, o local abrigou um confortável hotel de águas termais que atraía muitos turistas para região.
Anos depois, o hotel foi destruído por uma forte tempestade e hoje apenas as ruínas fazem parte da paisagem. Somente a igrejinha ficou de pé.
Uma feirinha de artesanato com trabalhos da região andina arremata a visita com formas e cores.
Da ponte, seguimos ao ponto alto do passeio: o Cristo Redentor dos Andes e, no caminho, uma parada à beira da estrada para o segundo ponto estratégico para ‘mirar’ o Aconcágua <Aquela sensação que ‘meu coração nem é vagabundo, mas quer guardar o mundo em mim’… rsrs Aquela primeira foto do post, também foi tirada nesse ponto, com um dedinho de zoom>
CRISTO REDENTOR DE LOS ANDES
Nem todos os tours levam ao Cristo. E essa foi a exata razão pela qual fechamos, sem muito choro, com a empresa El Cristo, pela garantia de conhecer o monumento. O acesso ao Cristo fica no povoado Las Cuevas, entrando no Arco de Las Cuevas, à margem da Ruta 7, pouco antes do túnel que leva à fronteira com o Chile.
A partir daí você precisa ser forte para segurar a onda na estrada de chão, estreita, de curvas sinuosas “à beira do abismo” que vão te acompanhar pelos próximos 9 km montanha acima. Concentre-se na paisagem… M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!
No topo do passeio, a aproximados 4.000 metros acima do nível do mar, chega-se, com louvor, ao CRISTO REDENTOR, monumento que simboliza o fim de uma disputa territorial entre Chile e Argentina.
O Cristo marca a divisa entre os dois países, que têm os territórios demarcados ao lado da estátua.
Um lugar incrível, perfeito para fazer fotos maravilhosas, não fosse o frio intratável e nossas roupas inversamente proporcionais à demanda congelante.
Vale dizer que, antes do túnel, na Ruta 7, essa estrada para o Cristo era o caminho oficial entre Mendoza e Santiago. God save a engenharia!
LAS CUEVAS
Após o Cristo, paramos para almoçar em Las Cuevas, como disse, o último povoado antes da divisa com o Chile. O guia levou o grupo ao Restaurante Nido de Condores, parada básica de quase todas as excursões que visitam o vilarejo.
O almoço custou 120 pesos por pessoa (valor em maio de 2015) com direito a buffet self service e sobremesa. Comida simples, com tempero caseiro. Saborosa! E atendimento muito simpático 🙂
A pouco mais de 3.000 metros de altitude, o frio ainda era severo e o banquinho em frente ao aquecedor do restaurante foi o lugar mais aconchegante de todo o circuito 😉
POTRERILLOS
Como não começamos o passeio pela RN-7, a represa de Potrerillos foi nossa última parada.
O lago, formado pelas águas represadas do Rio Mendoza, fica a aproximadamente 65 km da capital da província e o represamento garante fornecimento de água potável para a região, naturalmente desértica.
O passeio dura um dia inteiro e percorre quase 500 km (ida e volta). Mas o cansaço eu guardei para minha caminha no hotel. Na van eu era um mico agitado com uma ‘matraca’ fotográfica incansável. Saldo do dia: máquinas e baterias extras descarregadas e um coração feliz 🙂
INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE ESSE PASSEIO
– Escolhemos essa opção porque foi a mais viável, descomplicada e barata: 470 pesos por pessoa, contra os 890 pesos da diária do carro (até 500 km) + gasolina (que, em maio de 2015, estava custando 14 pesos por litro) e o bloqueio de 6000 pesos no cartão.
– Apesar da minha implicância com passeios em grupo, acabou que comprar o tour – com van e tudo – foi uma ótima experiência. Conhecemos lugares que sozinhos sequer cogitaríamos e aprendi que não devemos nunca subestimar a Cordilheira. Alguns trechos realmente são mais seguros com motoristas experientes na região.
– Antes de fechar seu passeio, certifique-se que ele levará a todos os pontos do seu interesse. Nem todos, por exemplo, levam ao Parque Provincial do Aconcágua e ao Cristo Redentor.
– As trilhas no Parque do Aconcágua são pagas (não é baratinho e têm preços diferenciados para estrangeiros). Confira a tabela de preços do Parque aqui.
– Esse é o tipo de passeio que pede um dia de céu limpo para aproveitar ao máximo as paisagens, inclusive a vista do Aconcágua. Você também pode conferir as condições climáticas no site do Parque Provincial www.aconcagua.mendoza.gov.ar
– O mau tempo, inclusive, impõe limitações ao circuito. Durante período de neve, por exemplo, o acesso ao Cristo Redentor fica fechado. Fique atento a esses detalhes ao planejar sua viagem. E, mesmo nas estações mais quentes, lembre de levar roupas adequadas para enfrentar o frio da altitude.
– Várias empresas de turismo realizam esse passeio. Nós gostamos do serviço da El Cristo, mas o guia fala apenas espanhol e perdemos muitas informações importantes em razão disso 😦
– Confira mais dicas de Mendoza aqui e aqui . E veja os detalhes de como visitar as bodegas aqui.
– Mais dicas sobre as estradas argentinas aqui.
– Para deixar sua viagem redondinha, confira também:
– Links úteis para sua viagem.
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Todas as dicas dessa viagem estão na hashtag #argentinanomiss
As dicas de Córdoba você encontra na hashtag #cordobanomiss
E as dicas de Mendoza na hashtag #mendozanomiss
Valeu pelas dicas! Ótimo artigo, parabéns! Bjs
Oi, Leticia!
Obrigada pelo retorno.
Qualquer coisa, estou por aqui 😉
Abraço,
Anna
Adorei as dicas e as fotos ficaam lindas 🙂 Estou indo para Mendoza essa semana e quero muito fazer esse tour, espero que o hostel que vou ficar também ofereça esse tipo de passeio
Beijos
Olá adorei as dicas de Mendonza… Estarei lá em 22 de junho com meu marido, suas dicas valerão ouro. Que época do ano vc foi? Será que no final de junho consigo ver a neve na lata montanha? Bjs obrigada
Reportagem maravilhosa,conheço essas estradas viajamos muito eu meu marido e,meu filho e,hoje ao ler sua reportagem e,ver suas fotos me bateu aquela saudade, espero em breve estar indo novamente refazer esse roteiro!
Oi Dirce!
Obrigada pelo comentário.
Também morro de saudade.
Doida pra voltar!
Abraço,
Anna